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Reconhecimento público

Conheça a história dos(as) 15 educadores(as) mais indicados(as).

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Escola: Escola Municipal Wilson Hedy Molinari

Cidade: Poços de Caldas (MG)

Ciclo: Ensino Fundamental I e II

Função: Diretora e professora

Ana Maria Lobo de Carvalho

 

A principal incentivadora da carreira educacional de Ana Maria Lobo de Carvalho é a sua mãe, Terezinha de Fátima Ferreira, que estudou e trabalhou na Escola Paroquial São Sebastião. Na época, um colégio religioso, administrado por padres e freiras da Congregação dos Oblatos. 

Anos depois, após uma série de mudanças, o mesmo local se transformou na Escola Municipal Wilson Hedy Molinari. Foi quando Ana passou a ser professora do Ensino Fundamental I e II, e, atualmente, exerce o segundo mandato como diretora de 650 alunos divididos em dois turnos. 

Ana lembra que começou a trabalhar desde cedo com educação, quando tinha apenas 16 anos. Lá se vão 22 de sala de aula, desses, apenas dois em uma escola particular. Professora, gestora escolar e coordenadora de creche. A educação, seja em qual ambiente for, faz parte da vida de Ana Maria, que desde criança já tinha ciência do que fazer em sua vida. 

No Conselho Municipal de Educação, Ana está em segundo mandato como presidente da entidade, cujo papel é consultivo, deliberativo e de articulação junto à educação e educadores do município de Poços de Caldas. O espaço teve um papel importante, por exemplo, na implementação do ensino remoto por conta da pandemia.

 

Nessas duas décadas, um episódio marcou sua jornada, em seu primeiro ano de trabalho no Ensino Fundamental I. A professora, naquele período, se deparou com uma menina de 10 anos de idade que precisava ser alfabetizada. Certo dia, após um tempo de estudos, a criança apareceu na sala com o cabelo curto. A educadora elogiou o penteado da aluna, que contou: “a minha mãe havia feito uma promessa de eu cortar o cabelo assim que aprendesse a ler”. Ana, que se emociona com a história, ressalta a importância de sua trajetória escolar, tanto como aluna, como professora e como gestora. De fazer parte de uma grande comunidade educativa que é o ensino público, e de conhecer os inúmeros desafios da área no Brasil.

Toda essa trajetória educacional, desde quando acompanhava a mãe no trabalho e a ajudava com a alimentação das crianças, até os dias de hoje, mostra para Ana que a sociedade tem papel fundamental no respeito e valorização do trabalho dos educadores. Ela enxerga que, nos últimos tempos, houve uma politização da profissão, o que colocou, por vezes, os professores como rivais da sociedade.

“Eu acredito que a única forma de transformar as pessoas é por meio dos estudos. Eu vivo educação e escola. A minha vida se resume à minha família e à educação. O maior desafio nosso hoje é mostrar para as famílias e para os estudantes a importância do conhecimento.”

Clícia Dalla Rosa.jpg

Escola: Escola Municipal Wilson Hedy Molinari

Cidade: Poços de Caldas (MG)

Ciclo: Ensino Fundamental I

Função: Professora

Clícia Dalla Rosa

 

Com 28 anos de sala de aula, Clícia Dalla Rosa aprendeu desde cedo, com a mãe e a tia, que a educação transforma a vida de todo mundo. Quando criança, além de ser professora de suas bonecas, ela ajudava as suas duas inspirações femininas a preparar as aulas e a organizar os materiais didáticos. 

No período do Ensino Médio, entrou para o magistério e teve a oportunidade de atuar, inicialmente, aos 17 anos de idade, como secretária de uma escola particular em Alfenas (MG), mas o desejo da jovem era mesmo ser professora. Alguns meses depois, entrou na sala de aula e nunca mais saiu. Nessa escola, foram 12 anos de ensino, lugar onde ela viu os seus alunos se formarem médicos, advogados e professores, algo que a marca. Na Universidade de Alfenas (Unifenas), se formou em pedagogia. 

Atualmente em Poços de Caldas, a educadora acumula 16 anos de trabalho, sendo os últimos quatro na Escola Municipal Wilson Hedy Molinari. Sempre atuando com Educação Infantil e Ensino Fundamental, sua motivação chega por meio do brilho nos olhos de uma criança tímida que aprende a ler e escrever e tem seu comportamento mudado a partir do que passa a saber. 

No período inicial da pandemia de Covid-19, Clícia teve a ideia de criar o projeto Caderno do Sentimento por sentir a necessidade de olhar para o emocional dos seus alunos do terceiro ano. A referência para a iniciativa veio dos diários, algo comum entre jovens e adolescentes tempos atrás. 

O ano de 2020 foi mais voltado a acolher as crianças que estavam com situações de pânico ou de ansiedade à flor da pele por terem suas rotinas alteradas e por vivenciarem perdas tão próximas. O trabalho de afetividade, rapidamente adotado pelas crianças, levou a educadora a ministrar três palestras sobre o tema a estudantes de Pedagogia da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) - Polo Poços de Caldas. 

Com todo esse acúmulo escolar, Clícia participou, em 2017, de uma experiência do governo federal no município com o objetivo de repassar os aprendizados adquiridos ao longo da carreira para novos educadores. 

“Um dos grandes desafios da nossa profissão é a valorização e o respeito por parte da população de modo geral. Também a sala de aula, todos os dias, me traz novos desafios, como, por exemplo, pensar estratégias diferentes para ensinar os alunos. O meu lema é: você quer estudar? Eu pego na sua mão e te ajudo.”

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Escola: EMEB José Pereira da Silva

Cidade: Divinolândia (SP)

Ciclo: Ensino Fundamental II

Função: Professora

Edivânia Cristina Dias

Ser professora de matemática era um sonho de criança de Edivânia Cristina Dias e foi a fada madrinha trajada de educadora, Lucimar Mascarin, que aumentou esse desejo e, ao longo dos anos, contribuiu para que ele se tornasse realidade. A aluna naquela ocasião, agora com 28 anos, leciona há dois na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) José Pereira da Silva, situada na zona rural de Divinolândia (SP). 

Lá atrás, quando Edivânia cursava o 4ª ano, Lucimar a chamou, por ter um bom desempenho escolar, para ajudar as colegas com aulas de reforço. A partir dali, a vontade de ser professora ficou cada vez mais forte. Entretanto, após terminar o Ensino Médio, a jovem teve que esperar por longos cinco anos até entrar para o curso de Matemática no Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB), em São João da Boa Vista (SP). Foi demorado, pois faltava o número suficiente de alunos para iniciar uma turma, além da busca pelo financiamento estudantil.

Os últimos dois anos como contratada do município para atuar na escola rural tem sido de muito aprendizado e superação de desafios à educadora de 1,40 metro de altura. Ser jovem e “pequena”, como ela mesma diz, impõe, de imediato, obstáculos como obter o respeito de seus pares e dos estudantes. Mas assim que chegou no centro de aprendizagem, recebeu da diretora a chancela de estava ali para fazer a diferença e crescer a cada dia. 

E é a evolução de seus alunos de Artes, Educação Física e Matemática que a motiva, a cada início de ano, a fazer uma avaliação para continuar a integrar o quadro educacional da prefeitura.

Edivânia mal havia começado sua carreira quando veio a pandemia do novo coronavírus, e, claro, o universo escolar virou de cabeça para baixo. Ela só foi conhecer a sua nova turma em 2020, pela tela dos celulares - com internet bem limitada. A professora sentiu o desânimo das crianças diante das mudanças e dos percalços para participarem das aulas. Grupos de WhatsApp, interações em particular com os alunos, ligações, vídeo-chamadas. Tudo que havia disponível em tecnologia para dialogar e ensinar as crianças foi utilizado por ela. Mas algo essencial foi o auxílio das famílias.

“Os pais e as mães não têm ideia da diferença que fazem quando participam da vida escolar de seus filhos. Dia desses uma mãe me falou que eu sou a motivação para a filha dela ir para a escola. Da mesma forma como a Dona Lucimar me marcou e me ensinou, eu quero marcar alguém.”

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Escola: EMEB Euclides da Cunha

Cidade: Divinolândia (SP)

Ciclo: Ensino Fundamental II

Função: Professora

Patrícia de Oliveira Santos

 

Autor da notável obra brasileira “Os Sertões”, Euclides da Cunha é homenageado por uma escola municipal de educação básica de Divinolândia, interior de São Paulo. E é nesse espaço que Patrícia de Oliveira Santos estudou e, anos depois, após se formar em Letras e Pedagogia, passou a lecionar. Com sorriso largo, ela enxerga, em sua profissão, o papel de despertar e cultivar o amor dos estudantes pela educação.

Formada há 16 anos, entretanto, Patrícia está na sala de aula como educadora desde criança, quando, em sua casa, com uma lousa, exercia o duplo papel de aluna e professora. As experiências como conselheira tutelar por três anos e como mediadora escolar durante seis anos agregaram à sua profissão, e a instigou a lutar por um mundo mais justo. 

Responsável por ministrar as disciplinas de Inglês e Português e apaixonada por literatura, Patrícia tenta sempre trazer as obras que propõe leitura para a realidade de vida de seus alunos. Certo dia, a professora e os estudantes leram um livro sobre uma menina paraplégica, o que rendeu uma pesquisa escolar sobre a acessibilidade da cidade de Divinolândia.

Essa história remete ao lema da professora: “Com criatividade, o amor se manifesta de todas as formas”. Ela se define como “canseirinha”, por buscar, no poder público e na iniciativa privada, parcerias para suprir algumas necessidades do ambiente escolar. Para conseguir doações de livros para a escola, Patrícia convidou o prefeito da cidade para um debate escolar, posteriormente conseguiu a doação para a biblioteca. Por isso, ela crê na participação em movimentos estudantis, e exerce, atualmente, a coordenação de um grêmio escolar. 

Quando se formou, Patrícia pensou muito em qual tipo de professora gostaria de ser. Como é muito animada, alegre e criativa, suas aulas não poderiam ser diferentes. Buscou, então, ser também essa educadora, pois queria que os seus alunos se encontrassem na escola e na disciplina de Língua Portuguesa.

“O escritor Euclides da Cunha é uma referência para mim, de maneira técnico-científica traz a história, a divisão entre as partes e analisa o homem, o meio e o momento histórico. Ele sempre me inspirou como professora e escritora, por isso acrescento a seguinte frase escrita por ele: ‘O educador brasileiro é, antes de tudo, um forte’”.

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Valmíria Dias de Carvalho.jpeg

Escola: Escola Municipal João Pinheiro

Cidade: Poços de Caldas (MG)

Ciclo: Ensino Fundamental I

Função: Diretora

Valmíria Dias de Carvalho

 

Valmíria Dias de Carvalho se casou com a educação e só não promoveu a sua festa de bodas de rubi devido à pandemia de Covid-19. Ela é educadora há 40 anos, estando nos dois últimos como diretora da Escola Municipal João Pinheiro. Terminou o curso de pedagogia na Universidade Federal de Alfenas (Unifal), em 2018, após ajudar a formar seus quatro filhos. 

Há quatro décadas, numa época difícil para as mulheres se aprofundarem nos estudos, Valmíria, para tentar superar a timidez, decidiu cursar magistério. A então pretensa escritora despertou para a educação quando começou a cuidar das crianças de uma igreja.

Algum tempo depois, nos anos 1980, Valmíria entrou de vez na sala de aula com uma turma de alfabetização. O difícil era ela se encontrar no manual do professor da época, com um conteúdo que não atraía os alunos. A professora, que costuma inovar ao lecionar, resolveu criar seu próprio manual.

Instrumentos musicais, canções, fantasias. Tudo isso era útil, desde que contribuísse com o aprendizado das crianças. Há, inclusive, pessoas que até hoje se lembram da professora vestida de palhaço para ensinar um estudante tímido a aprender matemática.

São muitas histórias ao longo desses anos na educação, entretanto, tem uma que mexe com a gestora, a qual considera o maior desafio de sua carreira: a inclusão de uma aluna de 7 anos com deficiência auditiva, no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental. Naquele momento, ninguém ali se comunicava por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Valmíria propôs um desafio aos seus alunos e responsáveis: a turma vai aprender a se comunicar em Libras, sendo a aluna com dificuldade auditiva a professora. 

A proposta deu certo, foi abraçada pelos alunos e familiares. Depois, coube à turma ensinar àquela criança a oralidade e a leitura labial. O fato ocorreu entre os anos 2008 e 2009. Desde então, a paixão pela inclusão escolar tem norteado a carreira da diretora, que pensa, inclusive, em desenvolver um mestrado na área.

Mas a educadora não abandonou o gosto pela literatura infantil. Quatro livros já estão prontos para ser publicados.

“Não existe uma transformação social sem passar pela educação. Ela muda as nossas vidas, realidades e rotas. Eu sempre falo que você só vai conseguir uma mudança no banco da escola.”

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